Existe uma certa promiscuidade saudável na candidatura cidadã LIVRE
/ TEMPO DE AVANÇAR. As pessoas mais mediáticas, que dão a cara
pelo movimento, sentam-se à mesma mesa com os anónimos que
abraçaram esta ideia. Todos têm voz e respeitam-se mutuamente. Não
entram em linha de conta rankings de posição social, etários, de
origem ou percurso político. Simplesmente se esgrimam ideias e se
lançam pontes para entendimentos. Tenta-se chegar a um programa
político representativo do que o Movimento defende e dos anseios da
população.
Neste aspecto, todas e todos estão em pé de igualdade. A
participação da cidadania é promovida e desejada. Só assim
poder-se-á chegar àqueles que têm vivido sobre o constante
terrorismo governativo dos últimos anos. Aqueles que até ouviram
falar de um guião de reforma do Estado, mas não faziam ideia de que
eram os personagens principais nesta tragédia, até porque nem
compareceram ao casting... A sociedade está sitiada, pelos juros da
dívida, pela precariedade, pela pobreza, pelo desmembramento do
estado social. Não podemos continuar a sentir esta impotência
perante o retrocesso civilizacional que temos assistido. A serenidade
do povo não pode ser chamada à baila quando está em causa a sua
própria sobrevivência. Mais que o direito de resistir temos o dever
de cidadania de proteger o que 40 anos de democracia têm vindo a
construir.
A perspectiva de que podemos ter uma sociedade mais justa e
equilibrada, honrando compromissos externos e internos, não deve ser
vista como uma utopia mas antes como uma necessidade. Não se pode
solicitar todos os sacrifícios e mais alguns a um povo tão
fustigado pela austeridade, ao mesmo tempo que não se exige nada de
quem em tempos de crise multiplica lucros, seja através de posições
monopolistas que detêm, seja através do maravilhoso mundo da alta
finança, onde o afundar e resgatar de pequenas economias nacionais
se transformou num negócio altamente rentável.
Só através de um esforço conjunto de todos e todas e na aposta
numa candidatura que se apresenta como diferente, tanto na sua
organização como na forma de construir o programa, se pode almejar
o tal objectivo de travar a austeridade e incentivar o progresso.
Para que as pessoas que continuam teimosamente de pé continuem a
viver dessa forma e possam ajudar as que entretanto caíram. Com a
firme de convicção que não há altas esferas, nem pode haver
qualquer tipo de discriminação; apenas igualdade. Pois por este
burgo, também temos uma Lista VIP e nela cabem dez milhões de
pessoas.
Montijo, 24 de Abril de 2015
Miguel Dias
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