Não é fácil gerir o dia-a-dia… A administração do quotidiano, dos sucessos
e insucessos, pode ser exacerbante. À medida que calcamos caminho afiguram-se
novos desafios que terão de ser enfrentados. Quando alguém conquista certos
êxitos na sua vida e ganha uma posição de relativo destaque ou poder, as coisas
tendem a complicar-se e não raras vezes essas pessoas descarrilam do trilho que
escolheram. Existe a ideia pré-concebida de que à medida que uma pessoa “sobe
na vida” deve deixar de dar importância a determinadas matérias. Questões
menores, como muitas vezes são apresentadas. Eu acho o contrário!
Na verdade, é chegando a esse ponto que a nossa influência deve ser direccionadana
ajuda ao próximo, tentando alterar o estado de coisas. Pelo menos no meio em
que nos movimentamos. Se é frequente assistir por parte do cidadão comum a
atitudes que defendem um bem maior e uma melhoria social, que será transversal
à sociedade, quando esse mesmo cidadão “chega aotopo” facilmente esquece a
defesa desses valores. Comummente transforma-se numa criatura egoísta e
ensimesmada, onde os únicos desideratos serão a prossecução de objectivos
pessoais e o benefício “dos seus” (familiares ou aliados de circunstância).
Mas esta generalização, embora tenha fundamento na vivência que
experimentamos há várias décadas, não pode nem deve encobrir uma minoria que
pensa de forma diferente; que vê a ascensão e o poder não como um fim em si
mesmo, mas como uma forma de beneficiar toda a sociedade; que coloca o enfoque
sobre a vertente social. Uma minoria que não vê o país como uma abstração
numérica, no qual impera uma visão individualista e uma ditadura dos mercados.
Portugal é de todos, mas este país, e suas elites governativas, não tem tratado
todos de igual forma.
Assim, uma mudança de políticas onde o âmago estánas pessoas é necessária e
urgente. Esta urgência não pode continuar a ser colocada em segundo plano
relativamente a metas orçamentais, compromissos financeiros e exigências
económicas, que nos são impostas por entidades externas isentas de qualquer
pingo de solidariedade. O país tem vivido prostrado por tais imposições, sem
oportunidade de se reerguer e de optarpor outro modelo económico, que aposte
num crescimento sustentado (e sustentável) e onde existam mais remédios para
além das exportações. A palavra competitividade, repetida até à exaustão no
discurso político vigente, tem de ser substituída pela palavra
complementaridade. Só assim fará sentido a inserção de Portugal no espaço
europeu que se fundou solidário e tem deixado de o ser.
Só através da implantação de um modelo de desenvolvimento que cumpra os
critérios constitucionais e que oriente a economia nacional para a população,
podemos cumprir o compromisso primordial nas democracias modernas, que no fundo
não é mais do que o contracto social que liga o Cidadão ao Estado. Se os
compromissos são para cumprir, este é o mais importante de todos. Porque
falamos de pessoas.
Montijo, 13 de Fevereiro de 2015
Miguel Dias
Amen! Deus te abençoe!
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