Quando a
Esquerda é esclarecida consegue discernir o que realmente interessa – o consenso
em torno dos interesses da população. O diálogo e o compromisso são as armas do
progresso. As pessoas certas sentadas a uma mesa redonda, com uma caneta e um
papel à frente podem fazer acontecer impossíveis. Nessa mesma lógica, as
pessoas erradas podem soltar infernos. Isso fará toda a diferença aquando das
próximas legislativas.
As esquerdas
têm de compreender, de uma vez por todas, que o interesse geral do povo é mais importante
do que qualquer agenda de tacticismo político ou qualquer tipo de sectarismo.
Dito de outra forma: as esquerdas têm de entender, que têm de se entender! O
preço a pagar por esta falta de compromisso poderá ser demasiado caro, fazendo
com que a maioria dos eleitores não o consigam suportar.
Os resultados
são evidentes: uma possível nova maioria de direita, com mais quatro tenebrosos
anos de austeridade, que já provou o seu fracasso na saída da crise; ou uma
hipotética reedição de um Bloco Central, institucionalizando o bipartidarismo,
que muito provavelmente teria uma maioria de 2/3, necessária para alterar a
Constituição da República Portuguesa – a tal que tem sido a garantia de que
esta espécie de massacre nacional não tenha ido mais além.
As esquerdas têm
de entender que o falhanço do compromisso e do diálogo não será tolerado pelo
eleitorado, que há tempo demais aguarda por uma solução de Esquerda para o
Governo nacional. Se a isto somarmos a hipótese da mesma ser ampla e plural,
isso trará possibilidades infindáveis. Far-se-á sempre história, mas poder-se-á
cunhar na sociedade algumas das bandeiras e ideias de Esquerda sonhadas em
Abril, estando muitas em risco, outras longe de ter sido postas em prática. Falo
da defesa do Serviço Nacional de Saúde, do Ensino Universal e gratuito, do
direito à habitação, do direito ao trabalho digno e com direitos, do combate às
desigualdades…
Caso a Esquerda
ganhe as próximas eleições com uma maioria de 2/3, pode até por iniciativa própria
fazer uma revisão constitucional que proteja ainda mais as pessoas, desta cada
vez mais sinistra rede de interesses, que parece querer apostar num modelo de
corporativismo, ao invés de um modelo solidário e cooperativo.
Quando a Esquerda
é esclarecida une-se para eleger Presidentes da República ou para conquistar
importantes Câmaras Municipais às mãos da Direita. Porque não fazer o mesmo
para uma solução de Governação do país? Este é o ensejo próprio para se fazer
história. Para construir uma real alternativa de governação de Esquerda. Todas
as esquerdas estão convocadas para tal desígnio. Não temos o direito de
defraudar o desejo da maioria do povo português. Queira desta vez a Esquerda
ser verdadeiramente esclarecida.
Montijo, 10 de Novembro de 2014
Montijo, 10 de Novembro de 2014
Miguel Dias
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