segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Quando a Esquerda é esclarecida

Quando a Esquerda é esclarecida consegue discernir o que realmente interessa – o consenso em torno dos interesses da população. O diálogo e o compromisso são as armas do progresso. As pessoas certas sentadas a uma mesa redonda, com uma caneta e um papel à frente podem fazer acontecer impossíveis. Nessa mesma lógica, as pessoas erradas podem soltar infernos. Isso fará toda a diferença aquando das próximas legislativas.
As esquerdas têm de compreender, de uma vez por todas, que o interesse geral do povo é mais importante do que qualquer agenda de tacticismo político ou qualquer tipo de sectarismo. Dito de outra forma: as esquerdas têm de entender, que têm de se entender! O preço a pagar por esta falta de compromisso poderá ser demasiado caro, fazendo com que a maioria dos eleitores não o consigam suportar.
Os resultados são evidentes: uma possível nova maioria de direita, com mais quatro tenebrosos anos de austeridade, que já provou o seu fracasso na saída da crise; ou uma hipotética reedição de um Bloco Central, institucionalizando o bipartidarismo, que muito provavelmente teria uma maioria de 2/3, necessária para alterar a Constituição da República Portuguesa – a tal que tem sido a garantia de que esta espécie de massacre nacional não tenha ido mais além.
As esquerdas têm de entender que o falhanço do compromisso e do diálogo não será tolerado pelo eleitorado, que há tempo demais aguarda por uma solução de Esquerda para o Governo nacional. Se a isto somarmos a hipótese da mesma ser ampla e plural, isso trará possibilidades infindáveis. Far-se-á sempre história, mas poder-se-á cunhar na sociedade algumas das bandeiras e ideias de Esquerda sonhadas em Abril, estando muitas em risco, outras longe de ter sido postas em prática. Falo da defesa do Serviço Nacional de Saúde, do Ensino Universal e gratuito, do direito à habitação, do direito ao trabalho digno e com direitos, do combate às desigualdades…
Caso a Esquerda ganhe as próximas eleições com uma maioria de 2/3, pode até por iniciativa própria fazer uma revisão constitucional que proteja ainda mais as pessoas, desta cada vez mais sinistra rede de interesses, que parece querer apostar num modelo de corporativismo, ao invés de um modelo solidário e cooperativo.

Quando a Esquerda é esclarecida une-se para eleger Presidentes da República ou para conquistar importantes Câmaras Municipais às mãos da Direita. Porque não fazer o mesmo para uma solução de Governação do país? Este é o ensejo próprio para se fazer história. Para construir uma real alternativa de governação de Esquerda. Todas as esquerdas estão convocadas para tal desígnio. Não temos o direito de defraudar o desejo da maioria do povo português. Queira desta vez a Esquerda ser verdadeiramente esclarecida.

Montijo
10 de Novembro de 2014
Miguel Dias

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