sexta-feira, 10 de maio de 2013

Arrepiar caminho


Não basta pôr Portugal na lapela para se dizer patriota. Ser patriota é cuidar do país que nos dá guarida. E uma nação não é apenas composta pela sua vertente térrea, o seu relevo, as suas fronteiras, a sua costa litoral. Acima de tudo, uma pátria é composta por pessoas. Esse povo, em toda a sua amplitude e diversidade, que devemos preservar e cuidar. A nossa pátria é a nossa gente, seus hábitos e costumes. A sua cultura e a sua constituição social.
E é essa sociedade que está a ser atacada, esvaziada de conteúdo. Os cortes cegos com que o país se depara diariamente destroem o cimento colectivo de uma sociedade que se julgava forte e capaz. A intempérie teima em não passar (e não passará, enquanto se mantiver este rumo) e a sociedade vai enfraquecendo a cada vaga de austeridade que enfrenta. Apressadamente, tentam despejar as virtudes e conquistas sociais e incutem na população o medo, o receio da incerteza, o prenúncio da desgraça. Assim é o destino que escolhem para a pátria e que nós todos, cada vez mais fragilizados, extenuados pela ausência de esperança, deixa-mos passivamente que se imponha.
Não devemos, não nos podemos dar ao luxo de aceitar um caminho que, em última análise, conduzirá à extinção de Portugal, tal como o recordamos. Não devemos, não podemos, ceder à inércia e entrar na “Espiral da Indiferença” para onde o poder instituído cuidadosamente nos guia, sob pena de não sobrar nenhuma peça do tecido social português.
Não é tarde para arrepiar caminho, mas já partimos com algum atraso...

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