(Acerca da Manifestação de dia 6 de Julho de 2013, convocada pela CGTP, escrevi assim na altura:)
Os actuais comentadores políticos, um vasto leque que abrange ex-políticos (que nunca deixaram de o ser), jornalistas, politólogos e as mais recentes aquisições (“pero muy nobles”)os economistas, são unânimes em afirmarem que é uma vergonha o que se passa no panorama governativo, tendo presente os sacrifícios feitos nestes últimos dois anos. Afirmam que o povo não compreende como se pode deitar borda fora esses mesmos sacrifícios e a chamada “credibilidade internacional”, por um arrufo do executivo. A grande maioria destas senhoras e senhores, que nos assaltam os sentidos através dos diversos meios de informação, sendo eles televisão, rádio, imprensa ou internet, decidem alumiar-nos o caminho da inevitabilidade, explicando-nos muito calmamente que Portugal tem de seguir a via da austeridade para poder regressar aos mercados, aquelas entidades que não distinguem pessoas, mas abanam com a irritação dos políticos. Até me daria vontade de rir, não fossem essas considerações tão tristes e desfasadas da realidade...
Tal como a generalidade dos governantes e deputados da nação, os comentadores não fazem a mínima ideia da situação em que se encontra o país real. Aquele país formado por pessoas e não por números e estatísticas. Aquele país onde o cidadão comum – funcionário público ou não – deixou de ir de férias, de comer fora, de comprar o gelado ao seu filho pequeno, deixou a prestação do carro por pagar – o mesmo carro que há muito se encontra parado –, deixou de comprar todos os medicamentos necessários, deixou de ir ao médico... O cidadão comum que começou por cortar uma refeição por mês, depois uma por semana e no fim uma por dia. No fundo, que deixou de viver. Este é o país que esta gente não conhece, porque pura e simplesmente nunca fez um verdadeiro e inaudito sacrifício. Mediante o desequilíbrio brutal no seio da sociedade, é indubitável que tais sacrifícios custam muito mais a certas camadas sociais. Este é o país onde eu e a maioria dos portugueses, muitos ainda em pior contexto, vivemos. O país onde o cidadão comum está-se pouco borrifando para o resultado dos sacrifícios impostos, porque pura e simplesmente não consegue aguentar mais sacrifícios!
O cidadão comum não vive de sacrifícios, não os compreende e não os abraça, ao contrário da ideia que tentam passar. Apenas sobrevive no meio deles, com uma subserviência e medo atrozes, incutidos pelas classes dominantes!
A erosão causada no Governo, não por motivos meteorológicos como alguns preconizam, mas por um chorrilho de políticas erradas que conduziram o país a inúmeros becos sem saída, só poderá ter uma lógica tradução na demissão do mesmo. É certo e sabido que este Senhor não irá embora sozinho e muito menos poderemos contar com a cooperação do Presidente da República na defesa dos direitos e da dignidade extorquidos ao cidadão comum. Todos teremos de fazer a nossa parte, dando o impulso necessário para que este Primeiro-Ministro tombe da cadeira do poder. Podemos começar por comparecer amanhã, dia 6 de Julho de 2013, pelas 15 horas em Belém, numa manifestação pela demissão do Governo, que embora tenha sido convocada pela CGTP conta já com a adesão de inúmeros grupos que emanaram da sociedade civil nos últimos tempos. Sim é verdade que amanhã estará muito calor e que seria bem melhor ao cidadão comum ir a banhos, mas com o rumo que isto leva, estará para breve o dia em que nem poderemos trabalhar para o bronze...
LEMBRETE: NÃO ESQUECER – EM DEMOCRACIA HÁ SEMPRE ALTERNATIVA!
5 de julho de 2013
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