(Acerca da eleição da Comissão de Trabalhadores da empresa onde trabalho, escrevi assim:)
Estamos na semana anterior à eleição da nova Comissão de Trabalhadores (...), que defenderá os nossos direitos durante o período de 2013 a 2017. Pelo menos é assim que eu gosto de pensar, e é assim que eu tenho de pensar, para ainda conservar uma réstia de esperança. Não nos enganemos, esta será com certeza a Comissão de Trabalhadores com tarefa mais espinhosa que alguma vez elegemos e à qual mais exigiremos. Para tal exigência ser devidamente fundamentada teremos forçosamente de votar massivamente no próximo dia 29 de Maio, independentemente da lista escolhida. Só com uma gigantesca percentagem de votantes pode a Comissão eleita partir para uma guerra, que se espera sem quartel, frente à Administração (...), pelejando pela defesa intransigente dos direitos de todos os trabalhadores. O peso que a Comissão terá, está intrinsecamente ligado ao número de votos contabilizados.
Este órgão encerra em si mesmo as mais diversas facções, credos, tendências e anseios dos colaboradores do Grupo (...). É heterogénea no seu âmago, mas terá de exibir homogeneidade na mesa de negociações. A minha exigência, a nossa exigência, terá de ser pela defesa a uma só voz das condições laborais. Temos deveres que diariamente cumprimos, e que deveremos continuar a fazê-lo, mas temos também direitos arduamente conquistados, que não podem ser usurpados sempre que o país enfrenta dificuldades.
Vivemos tempos perigosos. Os poderes instituídos tentam embutir a ideia de que não há alternativa senão cortar. A Administração (...) acena afirmativamente com a cabeça e aplica sem querela a cartilha da austeridade sobe uma instituição secular, que já presenciou muitas crises e se mantém de pé. (...) pertence a todos os colaboradores, mas acima de tudo pertence a Portugal. A defesa dos seus trabalhadores é a defesa do interesse nacional. Muitos olhos gulosos observam avidamente este grandioso grupo económico em fase de desmantelamento, até ao momento em que finalmente (...) seja privatizado em regime “low cost”. A nós, cabe o penoso bater de pé. A oportunidade de dizer não, através da acção dos elementos eleitos para a Comissão de Trabalhadores.
Este será, provavelmente, o primeiro ano do resto das nossas vidas. Desengane-se quem entrou para a Caixa há 20 ou 30 anos e que conta tranquilamente o tempo para uma merecida aposentação. Os direitos deixaram de ser adquiridos. Já não podemos passar por esta instituição incólumes politicamente. Temos de ser activos. Mandatar 11 elementos para serem a expressão da nossa vontade perante a Administração (...), mais que um direito, é um dever de todos os trabalhadores. Numa época em que nada é garantido, apenas através da constituição de uma Estrutura de trabalhadores forte podemos defender o que ainda não foi esbulhado e tentar reconquistar o que nos foi surripiado. Não basta criticarmos tudo e todos por detrás das nossas secretárias e depois cruzarmos os braços, esgrimindo chavões como “eles fazem todos o mesmo” ou “eles querem é tacho”. Urge responsabilizar as pessoas que elegemos para defender o que nos é devido. Para isso suceder, teremos que nos envolver em todo o processo desde a eleição à composição da Comissão de Trabalhadores, das suas reuniões aos seus comunicados. Nunca esquecendo porém que exigir é também apoiar!
Não embarco em ilusões, mas também penso que a inércia nunca foi, nem será, solução. Votem em A, B, C, D ou E, mas votem. Não se demitam das vossas responsabilidades. Se não o fizerem por vocês, façam-no pelos vossos colegas.
24 de Maio de 2013
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